Mas, quem
foi Paulo Freire?
"Paulo Reglus Neves Freire nasceu em
Recife, em 19 de setembro de 1921 e faleceu em São Paulo em 2 de maio de 1997.
Foi um educador e filósofo brasileiro. Destacou-se por seu trabalho na área da
educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da
consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da
pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.
Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma
inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na
África. Pelo mesmo motivo, sofreu a perseguição do regime militar no Brasil
(1964-1985), sendo preso e forçado ao exílio.
O educador apresentou uma síntese inovadora das mais importantes correntes do
pensamento filosófico de sua época, como o existencialismo cristão, a
fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Essa visão foi
aliada ao talento como escritor que o ajudou a conquistar um amplo público de
pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos.
A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando
ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um
método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu
projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do
governo João Goulart.
A carreira no Brasil foi interrompida pelo golpe militar de 31 de março de
1964. Acusado de subversão, ele passou 72 dias na prisão e, em seguida, partiu
para o exílio. No Chile, trabalhou por cinco anos no Instituto Chileno para a
Reforma Agrária (ICIRA). Nesse período, escreveu o seu principal livro:
Pedagogia do Oprimido (1968).
Em 1969, lecionou na Universidade de Harvard (Estados Unidos), e, na década de
1970, foi consultor do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), em Genebra (Suíça).
Nesse período, deu consultoria educacional a governos de países pobres, a
maioria no continente africano, que viviam na época um processo de
independência.
No final de 1971, Freire fez sua primeira visita a Zâmbia e Tanzânia. Em
seguida, passou a ter uma participação mais significativa na educação de
Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. E também influenciou as
experiências de Angola e Moçambique.
Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil, onde escreveu dois
livros tidos como fundamentais em sua obra: Pedagogia da Esperança (1992) e À
Sombra desta Mangueira (1995). Lecionou na Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989,
foi secretário de Educação no Município de São Paulo, sob a prefeitura de Luíza
Erundina.
Freire teve cinco filhos com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira.
Após a morte de sua primeira mulher, casou-se com uma ex-aluna, Ana Maria
Araújo Freire. Com ela viveu até morrer, vítima de infarto, em São Paulo.
Doutor Honoris Causa por 27 universidades, Freire recebeu prêmios como:
Educação para a Paz (das Nações Unidas, 1986) e Educador dos Continentes (da
Organização dos Estados Americanos, 1992)."
O Método
Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização de adultos
desenvolvida pelo educador Paulo Freire, que criticava o sistema tradicional, o
qual utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o ensino da
leitura e da escrita. As cartilhas ensinavam pelo método da repetição de
palavras soltas ou de frases criadas de forma forçosa, que comumente se denomina
como linguagem de cartilha, por exemplo Eva viu a uva, o boi baba, a ave voa,
dentre outros.
Etapas do método
1.Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.
2.Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos temas e palavras.
3.Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada.
O método
Etapas do método
1.Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.
2.Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos temas e palavras.
3.Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada.
O método
As palavras geradoras: o processo proposto por Paulo Freire inicia-se
pelo levantamento do universo vocabular dos alunos. Através de conversas
informais, o educador observa os vocábulos mais usados pelos alunos e a
comunidade, e assim seleciona as palavras que servirão de base para as lições.
A quantidade de palavras geradoras pode variar entre 18 a 23 palavras,
aproximadamente. Depois de composto o universo das palavras geradoras, elas são
apresentadas em cartazes com imagens. Então, nos círculos de cultura inicia-se
uma discussão para significá-las na realidade daquela turma.
A silabação: uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser
estudada através da divisão silábica, semelhantemente ao método tradicional.
Cada sílaba se desdobra em sua respectiva família silábica, com a mudança da
vogal. (i.e., BA-BE-BI-BO-BU)
As palavras novas: o passo seguinte é a formação de palavras novas.
Usando as famílias silábicas agora conhecidas, o grupo forma palavras novas.
A conscientização: um ponto fundamental do método é a discussão sobre os
diversos temas surgidos a partir das palavras geradoras. Para Paulo Freire,
alfabetizar não pode se restringir aos processos de codificação e
decodificação. Dessa forma, o objetivo da alfabetização de adultos é promover a
conscientização acerca dos problemas cotidianos, a compreensão do mundo e o
conhecimento da realidade social.
Freire propõe a aplicação de seu método nas cinco fases seguintes:
1ª fase: Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem
as interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das
palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar típico.
2ª fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de
riqueza fonética, dificuldades fonéticas - numa seqüência gradativa das mais
simples para as mais complexas, do comprometimento pragmático da palavra na
realidade social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade.
3ª fase: Criação de situações existenciais características do grupo.
Trata-se de situações inseridas na realidade local, que devem ser discutidas
com o intuito de abrir perspectivas para a análise crítica consciente de
problemas locais, regionais e nacionais.
4ª fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os
debates, as quais deverão servir como subsídios, sem no entanto seguir uma
prescrição rígida.
5ª fase: Criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias
fonéticas correspondentes às palavras geradoras.
História
Freire
aplicou publicamente seu método, pela primeira vez no Centro de Cultura Dona
Olegarinha, um Círculo de Cultura do Movimento de Cultura Popular (Recife). Foi
aplicado inicialmente com 5 alunos, dos quais três aprenderam a ler e escrever
em 30 horas, outros 2 desistiram antes de concluir. Baseado na experiência de
Angicos, onde em 45 dias alfabetizaram-se 300 trabalhadores, João Goulart,
presidente na época, chamou Paulo Freire para organizar uma Campanha Nacional
de Alfabetização. Essa campanha tinha como objetivo alfabetizar 2 milhões de
pessoas, em 20.000 círculos de cultura, e já contava com a participação da
comunidade - só no estado da Guanabara (Rio de Janeiro) se inscreveram 6.000
pessoas. Mas com o Golpe de 64 toda essa mobilização social foi reprimida,
Paulo Freire foi considerado subversivo, foi preso e depois exilado. Assim,
esse projeto foi abortado. Em seu lugar surgiu o MOBRAL, uma iniciativa para a
alfabetização, porém, distinta dos ideais freirianos.
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