Palavras de Juliana Donato
Stiletto Heels
O "salto agulha", como diz a tradução pro português, é símbolo de muita elegância e sofisticação, e acabou dando nome a esse estilo de dança ma-ra-vi-lho-so com que trabalho.
Esclarecendo, são passos de dança realizados sobre um salto alto, com ênfase na feminilidade, destacando toda a beleza da mulher. Ele nasceu pra ser usado em shows, clipes e apresentações, por isso é guiado pela estética, assim como o ballet.
Há quem diga que "não chega a ser uma dança" propriamente dita, já que não seria a expressão de um povo (um gueto, uma tribo) através de movimentos. No meu mundo das Danças Urbanas, essas seriam o Hip Hop, o House, o Locking... O Stiletto se apropria de passos característicos de outras danças pra montar suas sequências. Não existe "passo básico do Stiletto". Então até aceito a colocação.
Não sou a versão única desse estilo, existem várias interpretações diferentes. Mas a verdade é que o profissional decente de Stiletto (professor, coreógrafo ou dançarino) tem boas bases de Jazz e Ballet, estuda o comportamento feminino com frequência (história, cinema, música), está por dentro das tendências comerciais da dança, e aberto a inovações.
Falando da minha pequena história, eu gostava mesmo era de COISA DE MENINO. O maneiro era dançar que nem homem, e ser reconhecida por isso era meu orgulho. "Téquiumdia" fui escolhida pela diretoria da Urban Dance Center para substituir a Mariana Vivas, que estava indo morar em Nova York (Ela que trouxe o Stiletto pro Brasil em 2008). Achei insanidade, já que eu dizia pra quem quisesse escutar que "ser menininha, meiguinha, bonitinha não era pra mim". Bom, já que eles confiaram, resolvi acreditar também e aceitei o desafio. A Mari me treinou e eu assumi as turmas. Daí então, todo dia de aula, estava eu numa cafeteria tomando um elegante capuchino 2h antes, me fazendo entrar na personagem. Isso perdurou por alguns meses, até a "mulher do Stiletto" entranhar em mim. Transformei minha vida COMPLETAMENTE. Pros meus antigos alunos de Hip Hop, que me perguntam o que aconteceu com aquele macho que eu era, digo que operei. rs
Meus estudos se basearam em filmes das divas do cinema, desde os anos 20 até hoje (paixãozinha), nas revistas de moda (reportagens e fotos - leio pelo menos 3 completas por mês), Bob Fosse, e volta e meia faço um ensaio fotográfico, que é ótimo pra entender câmeras, lentes e ângulos. Não cheguei a fazer curso de modelo, embora ache que valha a pena. Como já tinha certo conhecimento em Hip Hop, Vogue, Waacking, Dancehall, Jazz, Dança de Salão e tantas outras, não foi tão difícil começar a criar os movimentos.
Acabei desenvolvendo a minha linha de dançar, pensar, coreografar. Amo Beyoncé e outros artistas que usam a dança. Amo Dana Foglia, Olivia Cipolla e outras dançarinas. Mas me atenho a não copiar, a sentir e criar. Se vejo que alguém já fez, deixo de lado e vou pensar em algo diferente. Tem quem ame e quem odeie, mas eu prefiro me manter assim.
Além disso, o que posso dizer é que não me preocupo e nem gosto que me associem à sensualidade. Minha atenção é toda voltada para a beleza, de todas as formas. E o que não posso me negar a admitir é que a beleza da mulher é, inevitavelmente, sensual. Foco na elegância, na expressão dos sentimentos, da vida da mulher. Só depende da música.
Depois de ter me apaixonado por essa nova vida, usei o Stiletto pra coreografar alguns artistas (Anitta, Buchecha), participar de programas de TV (Batalha no Salto, do TV Xuxa), alguns grupos e performances. E estou até hoje criando para pessoas que viram e também se encantaram com esse jeito de se mover numa música.
O que constatei com tudo isso? Que TODA MULHER PRECISA SABER DANÇAR STILETTO. E quero disseminar meus conhecimentos pro máximo de pessoas que eu puder. Seja em aulas regulares, workshops, conversas cotidianas. Stiletto é vidá!
Minhas dicas? Leia a VOGUE, a ELLE; mas leia também a ÉPOCA. Compre maquiagem, compre sapatos, compre roupas na moda; e invista em relacionamentos e conversas consistentes e maduros. Dance pra caramba, se solte, não se importe com a opinião dos outros; e faça aula com profissionais capacitados
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