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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dançando


DANCERS AMONG US

Dancers Among Us é uma série do fotógrafo Jordan Matter. Na primavera de 2009 ele começou a registrar cenas do cotidiano inserindo bailarinos profissionais. As fotos não sofreram nenhum tipo de tratamento digital e mostram a magia da dança no nosso dia-a-dia.
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A MAGIA DA DANÇA (Parte II)

 Contemporâneo e Moderno


Ballet Moderno e Ballet Contemporâneo são estilos diferentes de dança, apesar do segundo derivar do primeiro.

O primeiro foi pioneiro ao romper as regras clássicas e introduzir novas ideologias da dança e, por isso, foi o grande influenciador do segundo. Os dois estilos diferenciam-se não só no período de surgimento como também na técnica.
Contemporâneo

O Ballet ou Dança Contemporânea, apareceu no início do século XX quebrando com a rigidez técnica do ballet clássico, com os seus percursores adoptando maneiras mais modernas e pessoais de expressar ideias através da dança. Com a dança moderna, partilha-se a liberdade técnica e a ruptura com a rigidez clássica. Busca-se passar sensações do mundo urbano, rápido e agitado.

A arte reflecte ou procura expressar a sociedade contemporânea, numa fusão entre vários estilos: moderno, hip-hop, street dance, clássico, jazz e outros, podendo ainda agregar técnicas diferenciadas, como a aplicação da acrobacia em várias das suas coreografias.

Alguns dos principais definidores do que vem a ser o estilo contemporâneo (ou pós-moderno) são: fragmentação, multiplicidade, justaposição, repetição, uso constante de referências a épocas diversas, experimentação e ousadia em ironizar o modo de vida actual.
Isadora Duncan

O século XX nasceu marcado pelas ideias de vários artistas militantes, divulgadores destes conceitos inovadores  através da sua arte.

De entre outros, destacou-se Isadora Duncan, famosa não só pela sua  mestria, como pela sua trágica morte num acidente de carro descapotável, quando a écharpe que usava ficou presa a uma das rodas, enforcando-a. Consta ainda que, antes de morrer e ao subir para a viatura, teria afirmado: "Adeus, amigos! Vou para a glória". Faleceu em 1927.

 Outra figura feminina a tornar-se também num ícone desta época foi, uns anos mais tarde, Martha Graham, nos Estados Unidos, que se afirmou como um dos pilares da modern-dance.

Fundadora de uma companhia de dança  própria,  mundialmente conhecida, dançou bem até aos 60 anos, mas, deprimida com o seu corpo, afundou-se no álcool e no desespero. Pressionada pelos críticos, fez a sua apresentação final aos 76 anos. Faleceu em  abril de 1991.
Matha Graham

Finalmente, o coreógrafo e bailarino Diaghilev apresentou ao mundo Georges Balanchine.

Diaghilev trouxe com ele a modernidade, o vanguardismo, o ineditismo, o atrevimento. E Balanchine rompe com as molduras clássicas, tornando-se no mais genial construtor da dança académica moderna, um homem à frente do seu tempo, hoje equiparado a Picasso, Stravinsky e James Joyce.

Mr. B., como Balanchine é conhecido no mundo da dança, tornou-se tão mais universal quanto o tempo passa. É, ainda hoje, uma provocação para todos os criadores contemporâneos, que não escondem a influência sofrida e a importância cada vez maior da sua obra.
Moderno

Também  Merce Cunningham, bailarino e coreógrafo por excelência, absorveu todas as novas tendências desta dança moderna, e soube, com inegável mestria, complementá-las com as novas tecnologias, que o entusiasmaram durante a sua velhice.

Mesmo na cadeira de rodas, que o aprisionou até ao fim dos seus dias, recorria ao uso do computador para compor as suas coreografias.

Barysnhikov, um bailarino que conto entre os meus predilectos e um bailarino que seria moderno em qualquer tempo, ao trabalhar com Cunningham durante alguns anos, declarou que se sentia nas aulas de Cunningham como nas aulas de ballet, apenas com mais alguns pormenores subtis acrescidos à execução.
Moderno - Companhia de Martha Graham







"A dançarina do futuro será aquela cujo corpo e alma
têm crescido tão harmonicamente, que a  linguagem
natural da  alma se tornará o movimento do corpo 
humano. A dançarina não pertence a nenhuma nação,
mas a toda a humanidade".
 - Isadora Duncan-



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Projetos


Pensando o Corpo



A DANÇA PELO MUNDO (BALÉ). ORIGENS E TRAJETÓRIAS.


FACULDADE ANGEL VIANNA
CURSO DE POS GRADUAÇÃO
Aluna: Maria Edwis Torres Emílio


“A dança facilita o resgate da criatividade, da liberdade e do auto-conhecimento do corpo, e das possibilidades nele existentes, despertando para as emoções que refletem na percepção da vida, através do movimento.”
Edwis Torres


A DANÇA PELO MUNDO (BALÉ). ORIGENS E TRAJETÓRIAS.
O corpo instrumento de arte da Dança necessita ser disciplinado e desenvolvido a fim de que o mesmo atinja, por meio doa movimentos harmônicos e coordenados, toda a plasticidade, pureza nas linhas de expressões possíveis. Por tanto a dança é a arte do movimento, onde a beleza e a estética é muito cobrada.

A necessidade natural e instintiva do homem de exaurir-se pela movimentação faz da dança a mais antiga arte criada pelo homem.

Os homens dançaram muito antes de cantarem. Os homens dançavam para pedir chuva, para cura de doenças, para manifestação de combate e por ai vai.

Sem que desaparecesse do seu primeiro palco natural a África Negra, para evolução em que se processou através do Egito, da Caldeia, da Assíria, da Judéia, da Pérsia, da Índia, do Japão, da Europa ocidental e outros prosseguido pela Idade Média e a Renascença, quando se caracterizou como arte natural. Essa Dança classificada como Instintiva e Primitiva.


Da Itália para a França:

O balleto da arte italiana migrou para França quando Henrique II, em 1533, casou-se com Catarina de Medici, onde esse se transformou em balé. Luís XIV, bailarino nos bales da corte, patrono das artes, criou a “Academia Royale de Danse” em 1661. Tendo com mestre de dança Pierre Beanchamps, criou posições para os pés, e,ainda criou muitos divertissements,e comédias- balés , e comédias- “Le Triunphe” de L”Amour”(1681), com a colaboração de Molliere foi a obra prima de Beauchanps e Lully ;ela agradou La Fontaine, a primeira mulher a dançar profissionalmente o balé. Daí por diante o francês tornou-se a língua oficial do balé, e seus passos são descrito por ela.

Da corte para o Clássico:

Baltazar Beaujoyex Coreógrafo que transformou o balé da corte em balé teatral, sua primeira grande montagem na França foi o “Ballet Comique de la Reine em 1581, com diferentes linguagens artística, com produção de libreto para o público de dez mil pessoas, o espetáculo durou 6 (seis) horas, durante à noite, com um triunfo final - o sol. Esse acontecimento foi o marco para o surgimento do balé clássico.

O aperfeiçoamento do balé clássico foi tão relevante que grandes escolas foram se concretizando, Rússia, Itália, França, Inglaterra, Estados Unidos, Cuba e China.


Balé na Rússia:

O Balé russo é dotado de uma escola técnica e de um estilo próprio, mesmo sendo originado do balé Frances e do Italiano. Seus princípios datam do início do século XVIII.

As escolas imperiais do balé russo de São Petersburgo, Moscou e Varsóvia desde o inicio tiveram uma atenção especial do czares e da aristocracia.Métodos de ensino e treinamento foram severos e sempre aperfeiçoados As exigências técnicas, os dotes físicos e o temperamento do povo russo e a riqueza da tradição das danças populares fizeram o balé russo, em dois séculos, um balé que assombrou o mundo.

Seus mais importantes mestres foram: Carlos Blasis, Landet (fundaram a Escola Imperial de São Petersburgo) e principalmente Marius Pepita, criados das imortais obras Quebra-Nozes (1892), com Cecchetti e Ivanov, O Lagos dos Cisnes (1895) todos com música de Tchaikovski.


Balé na China:

Trazido pelos russos em 1920-1930 teve o maior desenvolvimento do balé na China, principalmente para as grandes cidades (Xangai, Harbin e Beijing). Os russos fundaram escolas de balé mais tarde. Embora poucas pessoas tiveram acesso a arte ocidental, essas escolas de balé tiveram um papel fundamental na arte do povo chinês.

Hoje, a Beijing Dance Academy , que antes fora a Dance School, sua fundação deu inicio ao Balé na China e 1954. Desde então o balé vem se desenvolvendo na China.

Os elementos na cultura chinesa foram incorporados ao balé, por meio de adaptações, com a lenda chinesa Fish beleza, que foi grande sucesso na época.

Durante a revolução cultural (1966-1976) oportunidades especiais para o bale chinês, algumas obras criadas com temas relacionadas à revolução chinesa, tais como: O Destacamento Vermelho de Mulheres e A – HAIREB GIRL BRANCO, que se tornaram marco na criação do balé dramático na china.

Balé em Cuba:

Fundada por Alícis Alonso, e seu marido, Fernando, Fundaram em 28 de Outubro de 1948 a Ballet Company, com vertente romântica e clássica.

Quando Fidel assumiu o controle da ilha, um dos seus compromissos era tornar a arte ao alcance de todos (1959).

Uma nova era para o balé cubano. A vinda da revolução, e posterior financiamento pelo governo Fidel o balé tornou-se importante para o país e para sua identidade. Como parte de um mero programa cultural, a empresa foi reorganizada e passou a chamar-se Ballet Nacional de Cuba.


Na Alemanha:

Na Alemanha nasceu a dança expressionista, que se propunha objetivar a manifestação de processos anímicos, com a superação do objeto e a renúncia a toda ilustração das sensações. A emoção é que determina a forma, espontânea entre os partidários de Wigman, e elaborada, entre os de von Laban. O bailarino clássico busca a beleza, o aluno de Wigman busca o efeito da ruptura da harmonia corporal na deformação eloqüente. No expressionismo alemão, como havia sucedido com Isadora Duncan, o peso, a gravidade, novamente se apoderam do bailarino, como uma força estética.

Os estudos de Rudolf von Laban resultaram na introdução do Realismo e do Naturalismo na dança. Para van Laban, o bailarino deve sentir o gesto, pois este nasce do sentimento. Sua doutrina é essencialmente um raciocínio sistematizado. Parte da análise do movimento e considera a dança como uma arte do espaço, situando o dançarino dentro de um icosaedro. Por esse caminho, conseguiu realizar obras de alguma importância, como Agamenon. Também ele elaborou um sistema de notação da dança.

Mary Wigman, aluna de von Laban como Kurt Jooss, e ainda de Jaques-Dalcroze, influenciou toda uma geração de bailarinos. Dançou como solista em muitas cidades da Europa e dos EUA, e fixou sua escola em Dresden. Wigman queria libertar a dança da música, e exprimir o que existe de mais sensível no mais profundo do ser. Segundo sua teoria, o corpo é um instrumento completo. Assim, partia ela da dança em silêncio, com um mínimo de sonoridade, seguindo-se pouco a pouco a música. A personalidade vigorosa de Wigman afirmou-se nas coreografias para solistas mais do que nas de conjunto, e sobretudo em seus ensinamentos.

Kurt Jooss foi provavelmente o maior artista do Expressionismo alemão. Organizou uma companhia e visitou, com sucesso, diversos países. Sua criação mais conhecida é "A Mesa verde", uma sátira das conferências diplomáticas e da guerra. Seus bailados eram narrativos e a técnica empregada uma forma sintética de combinação da força e leveza do balé com a liberdade e a fluidez da dança moderna.

Balé no Basil:

Pode-se dizer que a história do balé no Brasil começou em 1927, com a vinda da bailarina russa Maria Oleneva para o Rio de Janeiro. Ela fundou a Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal, que se tornou o principal centro de formação de bailarinos no país.

Depois de Oleneva, vieram outros europeus, como o tcheco Vaslav Veltchek, que a partir de 1939 deu novo impulso ao balé no Brasil, como coreógrafo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e organizador da escola de bailados da prefeitura paulistana. Mais tarde participou da fundação do Ballet do IV Centenário de São Paulo e no Rio de Janeiro fundou o Conjunto Coreográfico Brasileiro. Veltchek elaborou várias coreografias baseadas no folclore brasileiro, como Uirapuru, de Villa-Lobos, e Festa da roça, com músiaca de José Siqueira.

Outro nome importante é o de Tatiana Leskova, que a partir de 1945 atuou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, primeiro como bailarina e depois como mestre de balé e coreógrafa. Juntamente com Igor Schwezoff, participou em 1946 da formação do Balé da Juventude. As inovações do balé moderno foram trazidas ao Brasil em 1949 pelos Ballets des Champs-Elysées. Aqui ficou como mestre um de seus integrantes, Pierre Klimov. Eugênia Feodorova chegou ao Brasil em 1955, atuando como mestre de balé e coreógrafa do corpo de baile do Teatro Municipal. E em 1962 foi chamado para trabalhar no Rio de Janeiro o coreógrafo e maître-de-ballet William Dollar.

O Teatro Municipal de São Paulo possui uma grande escola, fundada em 1940 e oficializada em 1947. A Universidade Federal da Bahia, em Salvador, tem um curso de dança, agregado a sua Escola de Teatro. E são milhares os cursos independentes em todo o Brasil, sobretudo em São Paulo e no Rio Grande do Sul. A técnica acadêmica do balé, como concebida hoje, é russa e resultou da fusão dos estilos italiano e francês. O estilo italiano desenvolveu-se acrobaticamente, caracterizando-se pelo allegro, movimentos vivos, angulosos, com certa rigidez.

Os braços estendidos vigorosamente, a velocidade, a técnica, o virtuosismo são suas marcas. No estilo francês destacam-se a graça, a leveza, os movimentos arredondados, braços leves, o adagio.

Dessas duas escolas resultou uma fusão ideal no estilo russo do século XIX: a graça de uma e o virtuosismo da outra, aliados ao temperamento emotivo do povo russo. Os bailarinos russos fizeram uma síntese, tirando de cada uma o que tinha de melhor.

Entre as obras brasileiras de ballet que mais se destacaram, temos: Uirapuru, O Garatuja, O Descobrimento do Brasil, Maracatu de Chico Rei e Salamanca do Jarau.


Bibliografia:

ACHAR, Dalal. Ballet. Arte, Técnica e Interpretação. Cia de Artes Gráficas. RJ, 1980.
FARO, Antônio José. Pequena História da Dança. Jorge zahr Editor. RJ, 1986.
PERREIRA, Roberto. Lições de Dança. Univer Cidade Editor. RJ.
BERMAN, Maeshall - 1940. Tudo que é sólido se desmancha no ar. Traduzido por: MOISÉS. Carlos F. & IORIATTI, Ana Maria L. SP, Companhia da Letras, 1986.



A Dança de Salão no Contexto Social

Faculdade Angel Vieira
Pós Graduação em Dança
                                                 
                                                    Aluna: Maria Edwis Torres

“A dança facilita o resgate da criatividade, da liberdade e do autoconhecimento do corpo, e das possibilidades nele existentes, despertando para as emoções que refletem na percepção da vida, através do movimento.”
Edwis Torres

A Dança de Salão no Contexto Social


Após a segunda guerra e o advento da revolução industrial, ocorre uma grande transformação na vida da mulher, e essa transformação, consequentemente, também é refletida em seu corpo. As mulheres passaram a trabalhar em atividades, antes só exercida pela força do homem: em fábricas, indústrias etc. Essa transformação passou a interferir no comportamento masculino, pois além de alterar a rotina dos lares, o homem passou a ver na mulher também uma concorrente.

Neste contexto, para complicar aconteceram os movimentos feministas e as grandes conquistas sociais de cidadania da mulher. Mas tratando-se de feminilidade não de feminismo, de masculinidade e não de machismo; os valores aos pouco foram se invertendo. A confusão foi formada: a mulher não pode ser submissa, teve aguçado  o seu instinto de defesa, acarretando transtorno a sua feminilidade.

 Por sua vez o homem fica confuso. Como se comportar? Se gentil parece um “mamão”, se machista é um “grosso”. Afinal como as mulheres preferem os homens? Como a mulher pode resgatar sua feminilidade, e o homem definir o seu papel e comportamento?
O trabalho na dança de salão, me permitiu acompanhar de perto (pois também passei por esse processo no início), como os questionamentos anteriores podem ser elucidados. Na dança a dois é inevitável a aproximação dos corpos. É criado um momento de intimidade entre duas pessoas e que às vezes nunca se viram antes. Mas também nesse momento há um dialogo mudo onde se estabelecem os acordos que tem como parâmetro, a confiança, antes em você, depois no parceiro, a educação e a gentileza de ambos, o respeito às diferenças e ao corpo. É justamente durante o estabelecimento desse acordo que é trabalhada a feminilidade e o cavalheirismo.

         Durante o processo de ensino-aprendizado da dança, constantemente são geradas situações onde cabe a interferências do facilitado (a). Como na nossa proposta de  trabalho não há figura do (a) monitor (a) estamos sempre envolvidos ,corpo a corpo com o aluno,favorecendo a nossa interferência de forma indireta, na maioria das vezes é sempre reflexiva.

        A timidez e a insegurança são fatores conflitantes, não só na dança, mas principalmente na vida do aluno. Como são objetos do nosso trabalho, por meio da dança e do movimento por ela produzido, as sensações são libertadas, trazendo de volta o prazer, a confiança e novas formas de percepções sobre a vida. Ai a protagonista do processo é resgatada A auto-estima, confiante e desinibido, o aluno inicia o exercício da tolerância palavra chave na dança e na  arte de viver.

Como diria o mestre Klauss Viana: “O importante não são as formas e sim o caminho para se chegar ate elas”. O caminho é a fase mais rica do processo e nele geralmente tudo acontece, afinal aprender a dançar é aprender a viver.

História da dança

A dança, tendo o corpo como elemento principal para sua construção, foi tratada, a princípio, como algo de desvirtuamento do sexo e da matéria. Olhar o corpo sempre foi visto com certo constrangimento, e olhar o corpo que dança; significava fonte de pecado. Por meio da dança o corpo expressa sua crença e sua história. Por isso, no passado, a dança de negros e pobres desagradou tanto à nobreza como ao cristianismo.


Foram os corpos dançantes que quebraram a monotonia das cortes e reinados. Porém, no balé da corte só os homens dançavam, e só os nobres eram professores. Na França, séc. XVIII, foram atribuídas normas e nomenclaturas até hoje utilizadas no balé. Calçando sapatilhas de ponta e dançando balé de forma romântica, aparece o corpo feminino, nasce historicamente o balé clássico.

Com o passar do tempo, a dança sofreu metamorfoses. O corpo buscou inspiração na natureza, as sapatilhas foram dispensadas, passou-se a dançar descalço, sentindo o chão e outras partes do corpo. O movimento de fluidez foi inspirado nos ventos, no balanço no mar, e o ritmo no vôo das gaivotas – nasce a dança moderna.

Quanto à dança de salão, sua origem pode ser atribuída ao surgimento da valsa, há vários séculos, nas regiões montanhosas da Alemanha e Áustria conhecida como Welle ou Spinner. A princípio considerada vulgar, tornou-se coqueluche na segunda metade do séc. XVIII. Com o passar dos tempos tornou-se uma expressão de alegria, sofreu transformações, contudo sem nunca perder o estilo e a elegância que simbolizava a burguesia – Nascia a dança a dois, era o início da dança de salão. Pode-se afirmar, assim, que a dança de salão nasceu com os mestres de dança da Renascença, como forma de entretenimento para a nobreza.

No Brasil, o surgimento da dança de salão, tem várias fontes, porém é sabido que já dançávamos valsa na época do Império. O certo é que para o recrudescimento da dança de salão no Brasil, não podemos deixar de fazer menção a Maria Antonietta Guaycurus de Souza, grande mestra, que no Rio de Janeiro, desenvolveu técnicas e metodologia para o ensino da dança de salão. Pois na escola da vida, onde anteriormente se aprendia a dançar, com a invasão dos ritmos frenéticos do Dance e outros, as pessoas foram perdendo o costume de dançar a dois.

Hoje a dança de salão é recomendada por vários profissionais da área de saúde, como atividade física e terapêutica. A dança a dois está de volta como forma de resgatar a sociabilidade e contribuir para uma melhor qualidade de vida. E desta feita para ficar.



Edwis Torres.


Bibliografia:

CALAZANS. Julieta. Dança e Educação em Movimento. São Paulo. Cortez, 2003
NANNI. Dionísia. Dança Educação-Principios, Métodos e Técnicas. Rio de Janeiro. Sprit, 2002.
DALAL. Achcar. Ballet-Arte, Técnica, Interpretação. Rio de Janeiro, 1980.

Autor...

A facilitadora, como prefere ser chamada Edwis, que em seu trabalho adota uma metodologia inovadora no processo de ensino/aprendizagem da dança de salão. A proposta de Edwis para o ensino da dança é a partir de um processo que permita ao alunado estimular sua criatividade, pois só por meio dela o aluno alcança liberdade, autonomia e independência para sua dança. “Para tanto, dentre os objetivos de quem procura a dança, tenho que levar o aluno a descobrir que seu corpo, referencial maior de sua existência, é o elemento principal do processo. O corpo e suas possibilidades permitem descobertas a partir do estudo do movimento e da reeducação dos sentidos, que leva a elaboração de formas (passos)”. Afinal, a dança é construída pelo corpo e para o corpo. Portanto, a Edwis acredita que para pensar a dança antes é preciso pensar o corpo, que geralmente é dado um papel coadjuvante. Para que o corpo tenha harmonia espacial e temporal com os movimentos é trabalhada em sala de aula a  preparação corporal visando a estimulação da conciência corporal, da  integração entre as partes do corpo e do domínio do movimento. O objetivo principal da facilitadora é que cada aluno construa a sua própria dança, uma dança de forma harmoniosa, respeitando a singularidade do corpo e que, o mais importante, lhe proporcione prazer.

Onde me encontrar?



Dotado de um salão amplo, climatizado e confortável. Local onde Edwis e Gledson desenvolvem seu trabalho, o qual eles o chamam de sarcedócio.


As aulas acontecem apenas com os dois facilitadores Gledson e Edwis. Enquanto Edwis, se preocupa com corpo dos alunos durante a execução dos movimentos fazendo com que o movimento seja gerado sem esforços desnecessários, evitando dessa forma danos ou lesões ao corpo (muscular, esquelética e articular). Ela induz o aluno a sentir as partes do corpo que são envolvidas, e que geram força durante o movimento, estimulando de forma indireta a conciência corporal do aluno,fator determinante para o aprendizado da dança.

Gledson por sua vez com talentosa maestria conduz a turma a elaboração de formas, com muita musicalidade e sentimentos. Para isso lança mão de técnicas de condução para o cavalheiro e de resposta de sensibilidade para dama. De forma lúdica ele trabalha ritmo,lateralidade, coordenação motora e musicalidade. Paralelo a tudo isso Gledson trabalha a timidez, a insegurança e o resgate do cavalherismo, da feminilidade e até mesmo das boas maneiras.  

Endereço: Rua Alberto Paiva, nº 97 A, Aflitos (em frentre do Habib's da Rosa e Silva).
Fone: (81) 3426-0197/(81)92323970/(81) 9165-3604 ou
acesse o site oficial para mais informações:http://www.gledsonsilva.com.br/

A Descoberta

    
    Em uma das minhas aulas de Treinamento Funcional para a Dançaou Preparação Corporal para a Dança, como prefiram chamar, para mim nada mais é  que despertar o Corpo, uma aluna me perguntou: "Você estudou, criou todo esse trabalho por que pensava em ser professora de dança?" Cheguei a rir, e respondi: Não minha querida. Nunca tive tamanha pretensão. Apenas um dia respondi ao meu professor, hoje meu companheiro, que meu objetivo com a dança era dançar bem. Com passar do tempo de tanto perturbar em sala de aula ele me colocou para auxiliá-lo. Confesso que até então para mim tudo não passava de uma brincadeira. 
     
      Com o passar do tempo, como toda boa aquariana, aceitei o desafio e mergulhei de cabeça. Eu mesma já tinha muito dificuldade com o aprendizado, até por que ter o marido como professor de dança, não era nada fácil. E por mais que me dedicasse era muito difícil, cheguei até a escutar de um amigo; “desista você chegou ao seu limite, dai você não passa”. Quanto mais crítica mais força determinação. Foi o pontapé inicial.     As minhas dificuldades, somada a dos alunos em sala de aula, me levaram a estudar. Coisas tão bobas como: pise a frente, um passo atrás, era difícil para o aluno executar. Recordo que uma vez em sala de aula, pensei com meus botões: ”Poxa! Que mulher burrinha”. Mero engano, a burrinha ali era eu, que não entendia o que estava acontecendo, até por que essa aluna tinha uma profissão não muito comum (física nuclear). Foi dai que resolvi pesquisar, de forma autodidata o corpo, suas possibilidades.

    Mergulhei nos livros, uma bibliografia totalmente nova para minha formação, más por ser da área de saúde o vocábulo me era familiar. As vezes meu marido me via estudando os movimentos para senti-los,e perguntava se estava ficando doida. Não eu buscava o que seriaconsciência corporal. Ah! Essa danada me infernizou o juízo. Sai em busca dessa tal consciência corporal, cheguei a fazer aulas de outras modalidades, e sempre volta frustrada; ”Ainda não descobri o que é”. Bem, essa resposta encontrei nos livros, e nas muitas horas de exercícios que fazia.

   Para muitos pode até parecer que descobri o ovo de Colombo. Não, havia descoberto o caminho, o caminho tão falado por Klauss Vianna, quando ele diz que a forma não é o mais importante e sim o caminho para se chegar até ela. Para ele a dança não significa apenas reproduzir formas. A forma pura é fria, estática, repetitiva. Dançar é muito mais aventurar-se na grande viagem do movimento que é a vida (Vianna, Klauss. A Dança, pag.112).

A dança e seus Benefícios

“Eu me sinto preso (a)”! “Gostaria muito de me soltar”. Escutamos essas frases com frequência, mas de que prisão estariam estas pessoas se referindo? Uma prisão física, psíquica ou das duas?

Os valores sócio-culturais e a qualidade de vida a que somos submetidos fazem do nosso corpo/mente uma verdadeira prisão. Encouraçados, nossa musculatura mais parece uma armadura, pele tencionada, articulações com mobilidade reduzida, perda de acesso às nossas sensações. Com isso damos lugar as limitações psicossomáticas e as disfunções causadoras dos males da atualidade, além de inibir as sensações.

Por meio da dança, a conscientização corporal é estimulada. Dependendo do grau com que a tensão crônica imobiliza nossos corpos nossa capacidade de prazer será limitada. Com a dança, por meio de seus movimentos, há liberação dessas tensões, por vezes dolorosas, deixando fluir as sensações, transformando uma existência sem alegria em uma vida de prazer (Almeida, Silvana. 2005, p.22), favorecendo o alcance do tão almejado equilíbrio harmônico entre o corpo e a mente.

Não que a dança substitua a fisioterapia, a psicoterapia ou outras, mas a sua prática não deixa de ser um processo terapêutico. Quando praticamos a dança há a regulagem dessas tensões, isto acontece devido aos toques, ao relaxamento, ao alongamento, aos movimentos, a reorganização postural, a respiração, a reeducação dos sentidos e a própria música que ouvimos. Como resultado de todos esses fatores abordados temos: 

A funcionabilidade e o equilíbrio do complexo corpo-mente.
A recuperação das energias gasta pelo stresse.
A melhora da postura, da respiração, da circulação e da drenagem linfática.
A melhoria da coordenação motora, da mobilidade, e da amplitude dos movimentos.
O favorecimento da superação do preconceito da idade e de outros.
O resgate do cavalheirismo e da feminilidade.
Atividade coadjuvante no processo de emagrecimento.  
A distribuição equitativa da energia somática.
favorecimento no controle da ansiedade, da mudança comportamental do estado de timidez e   insegurança.
                                                                                                                                                                        Não espere muito para comprovar tudo que aqui foi exposto e enquadrar-se nesta afirmação: Quem dança é mais feliz.

Saúde. Depoimento de Profissionais

A dança já não é mais visto só no segmento de lazer e entretenimento. Hoje, a dança é tida como atividade física e terapêutica considerada e recomendada por vários profissionais de saúde.


     
    "A dança de Salão estimula sensações, integra percepções, propicia interações sócio afetiva e educa a corporeidade, maneira do homem se significar."

Renata Camargo
Bailarina, Fisioterapeuta, Professora universitária e
Mestra em Psicologia da Educação.

 

   
    "Como terapeuta sexual, sempre encaminho meus clientes para aula de dança de salão, diante dos benefícios na liberação de tensões musculares e na expressão corporal, que refletem diretamente na auto-estima e na qualidade do  desempenho sexual."

Semíramis Prado
Psicóloga Crp 02/5061

  



 
  
    
     "Eu sempre recomendo atividades físicas aos meus pacientes. Que na maioria das vezes oferecem resistências e queixas as formas tradicionais. Portanto recomendo a dança de salão, que além de uma atividade física, lúdica e prazerosa, trás benefícios físicos e psicoemocionais que favorecem o resgate da auto-estima."

 Heronilda Borges                                                                           
 Endocrinologista.
 CRM 4924



 "A cirurgia plástica tem relação direta com a auto-estima, e a dança de salão é uma grande aliada nesta relação, além de contribuir com benefícios físicos e estéticos. "

João Wilton Saraiva
Cirurgião Plástico.
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Preparação corporal para a Dança de Salão


As aulas de treinamento funcional têm por objetivo favorecer o seu aprendizado na Dança de salão. Nas aulas trabalhamos partes do corpo que não usamos com freqüencia e movimentos que não são do nosso cotidiano. O aluno vivencia as informações estimulando a consciência corporal e a propriocepção.

Aprendemos a estudar o movimento para executá-lo com o menor esforço possível, ao tempo que trabalhamos o realinhamento postural, encontramos o eixo global, alcançando um melhor equilíbrio e domínio do movimento.

Nestas aulas lançamos mão de várias técnicas de educação somática (técnica de Alexander, Eutonia etc...) e dos princípios da técnica de Klauss Vianna.

As aulas de preparação corporal para a dança são previamente agendadas com carga horária entre 120 130 min. elas acontecem preferencialmente de forma individual ou no máximo com 2 (dois) alunos.

O Corpo

“Pela observação e percepção dos movimentos mais simples, iniciamos um trabalho de sensibilização sutil, mas de grande efeito” Klauss Vianna

     Quando procuramos à dança, procuramos tudo que sua magia pode nos proporcionar: alegria, amigos, lazer, que são objetivos imediatos, em curto prazo. Entretanto, a dança proporciona muito mais que isso.

Ao pensarmos em dançar, pensamos em um local para aprender, pensamos em roupas, pensamos em calçados, pensamos no parceiro (a), pensamos na música, entretanto não pensamos o corpo, e a dança não existe sem ele. Mas como pensar ocorpo? Pensar o corpo é senti-lo, conhecê-lo, descobrir-lo.

Ao estudarmos os movimentos que executamos, estimulamos a reeducação dos nossos sentidos, e também damos início ao processo de conhecimento do corpo ( consciência corporal ). Conhecer o próprio corporequer perseverança e disciplina.

Nosso corpo carrega nossa história de vida, nossas experiência, nossas emoções, nossos costumes, etc. As possibilidades de movimento de cada corpo evidenciam essas diferenças: físicas, emocionais, sociais, culturais, dentre outras.

Explorar e descobrir as possibilidades de movimento de cada corpo (nunca haverá um corpo igual ao outro) e a aceitação dessas diferenças, as nossas e a dos outros, não é fácil e nem tão pouco simples, porém, esse processo é um ato de respeito e de amor por você e pelas pessoas com quem você dança.

Edwis

Entrar ou não em uma Escola de Dança de Salão?

“Entrar em uma escola de dança é ter uma nova percepção da vida por meio do corpo onde são guardadas todas as nossas emoções”.

Edwis Torres.
Para alguns, isso é um verdadeiro dilema. Será que vou gostar? O que os outros vão pensar? Será que vou ser aceito? Será que levo jeito para a coisa? É infinito o número de “Será”. Então, com obter essas repostas?

Assim como na vida, as respostas na dança virão quando elas forem procuradas e enfrentadas. Entrar na dança de salão é um novo nascimento, mas não um nascer extra-uterino, para o total desconhecido, é um nascer de suas próprias entranhas, do seu próprio interior que também não deixa de ser desconhecido (o que lhe espera lá fora?), ou seja, é um nascer do seu corpo para conhecê-lo e descobri-lo proporcionando uma reaproximação que o tempo, os afazeres e todas as intempéries da vida o afastam. Quem não tem tempo para cuidar de si é obrigado a arrumá-lo para cuidar de sua saúde. “Aguçar a sensibilidade proprioceptiva significa despertar o corpo para sentir, perceber e conhecer o que ocorre. Conectar-se a este campo (proprioceptivo-cognitivo) significa estar receptivo às próprias sensações e modificações que possam ocorrer, sem julgamento prévio ou valorativo; É um processo de conquista da liberdade, de se permitir a ser o que é. Denomino esse desenvolvimento de “SABER O CORPO”.

Nos seus primeiros instantes em sala de aula, você se sente estranho alheio ao grupo, acha que tem todas as dificuldades do mundo, que todos que ali se encontram lhe faz sentir-se o pior da turma, que ninguém vai querer dançar com você. Bem, você termina se sentindo ridículo com tantas dificuldades “aparentemente bobas”. Não! Não são bobas, existem explicações para elas nos diversos segmentos: Motor, emocional, cognitivo, mental etc.

Entretanto, não seja egoísta ao ponto de pensar que este privilégio é só seu, pois todos que ali se encontram passaram de uma forma ou de outra por esta mesma situação.

De repente, você se surpreende rindo de seus próprios erros e aí você escuta: “Ah! comigo foi assim também!”. Neste momento, você encontra o ludismo do aprendizado, e, em determinado momento você olha o relógio e diz: “Poxa a aula já terminou”.

Os alunos novatos tendem a centrar sua atenção no professor ou naquele colega que parece mais desenrolado, que pela perseverança e tempo em aula já faz umas letrinhas. Embora ele também tenha passado pelo mesmo processo aterrorizante para chegar a esse estágio. Uma coisa você deve aprender desde cedo: Numa sala de aula em meio a tanta gente, a figura central é VOCÊ, bem como na vida, com tantos ao seu redor, o protagonista da sua história de vida é você. Nas dificuldades que aparecem na dança, você pode até mudar de estratégia, mas tem que enfrentá-las e superá-las.

Aos poucos a sala de aula já não o aterroriza tanto, torna-se salutar o convívio com os colegas e aí de novo você diz: “Poxa! A aula já terminou”. Porém, não esqueça! Começar algo novo, ou mudar uma rotina de vida requer muita perseverança. As horas de desânimo, cansaço e até mesmo a falta de tempo, fatores que comprometem a auto-estima, necessariamente precisam ser superados.

A dança não substitui o processo terapêutico, contudo não deixa de ser uma terapia, favorecendo o processo. Não deve ser encarada de forma resolutiva, como alguns fazem. Em um processo terapêutico quando a memória inconsciente é mexida, muitas vezes o abandono do processo é inevitável. Com a dança não é diferente, pois movimentar o corpo também mexe com as emoções guardadas na sua memória muscular, e, isso hoje, nos faz entender por que há tanta rotatividade do alunado na Dança de Salão.

Os movimentos são gerados a partir de energia corpórea, e no seu corpo está toda sua história de vida, desde a intra-uterina.

Seu corpo carrega as boas e más emoções, suas repressões, seus valores culturais e sociais. Portanto, o facilitador (professor) deve respeitar ao máximo o corpo do aluno, a sua história e a sua singularidade.

Edwis Torres


Bibliografia:

Lower, Alexander, Bioenergética. São Paulo, Summus Editorial, 1982.
Bertazzo, Ivado, Cidadão Corpo. São Paulo, Summus Editorial, 1998.
Calazans, Julieta, Dança e Educação em Movimento, Cortez Editora, 2003.
Ribeiro do Valle, Elena, Neuropsicologia & Aprendizagem, São Paulo, Tecmeldd, 2005


 

De fora para dentro ou de dentro para fora?

“De dentro de uma rocha estão encravados diamantes e outras pedras preciosas; De dentro de você está todo o seu potencial de transformação para a vida”.

Edwis Torres
De fora para dentro, nós absorvemos as informações. Como por exemplo: “Fumar faz mal a saúde”, “procure ingerir alimentos saudáveis” e por aí vai. Contudo, essas informações quiçá são apenas registradas. Por em práticas essas informações significa uma mudança de comportamento, ou seja, houve uma conscientização. E a dança o que tem haver com tudo isso?


Tem tudo haver. Na metodologia do mercado da dança de salão as informações são repassadas e quase nunca os alunos não as vivencias. Apela para o mecanicismo, dificultando o sentir o corpo, vivenciar os movimento e consequentemente o de autoconhecimento do mesmo.

Essas experiências, ou seja, vivências se dão de dentro para fora, de forma estática (em repouso), de forma dinâmica (em movimento) e também em contato com o meio ambiente ou em grupo, utilizando-se dos princípios da eutonia*. Como você pode perceber, o processo de ensino tradicional da dança de salão é focado por informações e estímulos externos, onde o professor torna-se a figura central e a metodologia direcionada pela repetição, reforçando a teoria cartesiana de que a mente comanda o corpo (visão dualista).

Não devemos descartar a idéia de que podemos aprender a dançar com o método mecanicista, a maioria do aprendizado acontece dessa forma, neste caso a dança é dita de fora dentro para. Tornado-se um processo imediato, empobrecido e facilmente esquecido.

Você até pode ser dotado de habilidades específicas, de talento para dançar, mas quando as informações são vivenciadas seu corpo desperta com propriedade, seu talento até pode ser o mesmo, mas a sua dança, aposto que não! Esta será espontânea, com mais fluidez, com mais sentimento que moldarão as formas e em riquezas dos movimentos.

O que está relacionado aqui, não é direcionado aos que já dançam, aos que estão iniciando, ou aos que querem dançar, mas sim para todos. As informações em sala de aula devem ser metamorfoseadas em vivências, em repetições com estudo dos movimentos e das possibilidades do mesmo que o corpo proporciona.

Busque possibilidades, não estabeleça limites. Busque criatividade e liberdade, que seu corpo vai adquirindo o autoconhecimento, pois, quando conhecemos algo (corpo) perdemos o medo, adquirimos confiança e nos sentimos seguros (as).

Nosso corpo como fonte de energia para os nossos movimentos nos fazem pessoas hipo e hipertônicas. Uma pessoa que anda de ombros caídos, braços largados, refletem uma pessoa hipotônica, de temperamento fragilizado e lento. No entanto, alguém que tem os ombros erguidos, as clavículas sorridentes, movimentos firmes e precisos, cabeça erguida, mostra-se uma pessoa hipertônica. Portanto, segundo Alexander Lowen, “a qualidade da energia que um indivíduo possui e a sua postura irá determinar e refletir na sua personalidade e no seu padrão de comportamento”.



* Eutonia: Tensão em equilíbrio; tônus harmonioso.
Edwis Torres


Bibliografia:

Dantas, Estélio, Pensando o Corpo e o Movimento. Rio de janeiro, Shape, 2005.
Dascal, Mirian, Eutonia o saber do corpo. São Paulo, Editora SENAC sp, 2008.
Alexander, Gerda, Eutonia um caminho para a percepção corporal. São Paulo, Martins Fontes, 1991.


Os Pés

“A copa bela e frondosa de uma árvore, muito depende do que suas raízes absorvem do solo.
A beleza e harmonia de uma dança também muito depende de como seus pés tocam o chão”.
Edwis Torres

Os pés são nossas raízes, nossa sustentação e contato com a Terra. Entretanto, coitados, quase nunca são lembrados ou tão pouco sentidos, a não ser quando algum os atinge. É sobre os pés que nos equilibramos e nos deslocamos para várias direções e sentidos. 


Na dança de salão os pés são considerados o principal apoio, ele sustenta o corpo que deve estar em equilíbrio (estático ou dinâmico). É sobre os pés que colocamos nosso peso, que pode estar dividido ou não. Dividido quando temos os dois pés como base. Você muito vai ouvir em sala de aula: “o pé de base é o direito” ou então “esquerda livre”, “tire energia do pé de base para gerar o movimento, e por aí vai. 
O pé de base é o pé sobre o qual se encontra o peso, por meio dele é que obtemos a energia para execução dos movimentos. Essa energia é gerada a partir do contato deste com o piso. O processo aí estabelecido nada mais é do que a terceira lei de Newton, onde a toda ação corresponde a uma reação, na mesma direção, em sentido contrário, com a mesma intensidade. 
A força em sentido contrário é a que você se usa para deslocar, de forma natural e sem gerar esforço desnecessário. Quando a intenção é deslocamento, a parte dos pés que deve tocar o chão é o metatarso (parte anterior), enquanto o calcanhar exerce uma força para baixo, sem tocar o piso, provocando um alongamento da parte posterior da perna. Mas, existe um detalhe muito importante para que só o metatarso toque o piso, que é uma leve flexão do joelho que acontece com a retirada do calcanhar do chão. A flexão do joelho de outra forma provoca o efeito carrossel (sobe e desce do corpo). 
O calcanhar, além de ter um papel fundamental no equilíbrio também funciona como freio e apoio. Quando o aluno não estuda o movimento e executa o que foi descrito acima de forma incorreta, colocando seu peso contra a gravidade, seu peso aumenta, perde a leveza e aparecem as dificuldades. Muitas vezes você já ouviu alguém falar: “fulano é forte, mas é tão leve para dançar”. Quando essa leveza é subtraída, significa que houve um esforço desnecessário para o movimento (deslocamento) e foi gerada uma tensão que não pode ser absorvida pelo piso e sim pelo corpo. Essa tensão vai ter nos espaços articulares, principalmente nas articulações do joelho e nas vértebras lombares, queixa mais comum entre os alunos.
Neste sentido, a dança favorece o realinhamento postural e o equilíbrio, quando observadas as técnicas somáticas na geração dos movimentos. 

Edwis Torres

Bibliografia:

Calais-Germain, Blandine, Anatomia para o Movimento. São Paulo, Manole, 2002.
Geoffroy, Christophe, Alongamento para todo. São Paulo, Manole, 2001.
Bertazzo, Ivaldo, Cidadão Corpo. São Paulo, Summus Editorial, 1998.

Energia

“Um corpo sem energia, largado é um corpo vida.
É para ser carregado e não para dançar”.
Edwis Torres.

“Coloque energia no movimento”, “coloque energia no corpo” e por aí vai. Estamos tão cansados de escutar estas frases em aula que não damos mais importância. Mas, de que energia esses professores tanto falam?


Os alunos na sua maioria confundem essa energia com força localizada. “Braço firme” – fala o professor. E o aluno aperta a mão com força concentrada. Entretanto, a energia falada se refere à força resultante da contração muscular do posicionamento correto de articulações e ossos. Porém, devemos saber (sentir) a diferença entre contração e tensão. A energia dissipada pela contração muscular funciona como uma corrente que estabelece a comunicação entre diversas partes do corpo, o que chamamos de corpo integrado facilitando o comando para a execução dos movimentos, tanto para quem comanda como para quem é comandado.

Durante a aula o aluno copia o movimento, que na sua maioria acredita estar fazendo o corretamente, em consequência das repetições, que é um método mecânico, e, sentir o corpo a partir dele torna-se mais difícil. Tomemos como exemplo nosso cotidiano: levantamos, deitamos, sentamos, andamos, porém nunca paramos para sentir como produzimos esses movimentos. Eles já estão condicionados.

Quando conseguimos colocar energia em nosso corpo além dele ficar integrado, também alcança um estado de alerta, permitindo respostas imediatas para a execução dos movimentos solicitados, seja pela condução do cavalheiro, pelo comando da sua mente, seja pelo comando da música.

A contração muscular tão solicitada para dançar, não a curto prazo, também promove ganho de massa muscular, fortalece a musculatura e, consequentemente a proteção das articulações.

Lembre-se que para dançar a dois, deve haver equilíbrio de força entre os corpos, gerando uma resistência, facilitando a comunicação total, dando como resultado uma leve e harmoniosa dança.

Edwis Torres

Bibliografia:

Nanni, Dionísia, Dança Educação Princípios, Métodos e Técnicas. Rio de Janeiro, Sprint, 2002.
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